X: A Marca da Morte | Crítica
Um terror psicológico, que deixa uma associação de imagens que grudam na cabeça, trazendo o suspense e o gore característico do gênero
3/5 — Bom
Gabriel Caiafa
A produtora ‘A24’ é referência no gênero de terror por fazer filmes inovadores em sua estética, roteiro e produção, como ‘A Bruxa’ (2015), ‘Hereditário’ (2018) e ‘Midsommar: O Mal Não Espera a Noite’ (2019). Com ‘X: A Marca da Morte’, uma nova aposta é feita com um terror slasher (filmes com várias mortes) e continuando na linha de poucos jump scares (pulo de susto).
O novo filme de terror do diretor e roteirista Ti West, acompanha um grupo de cineastas pornográficos em sua gravação de um novo longa. Em 1979, Maxine (Mia Goth), uma atriz pornô, Wayne (Martin Henderson) seu namorado e produtor e mais um grupo de atores e pessoas vão para o Texas em uma fazenda, propriedade de Howard (Stephen Ure) e Pearl (Mia Goth), um casal idoso, para gravar um novo filme. Com as gravações iniciando sem o conhecimento do proprietário do local, Pearl começa a agir estranhamente e pessoas começam a desaparecer. Howard acaba descobrindo o real motivo do filme e o elenco passa a ter que começar a lutar por suas vidas. No entanto, o idoso casal tem mais a esconder do que apenas não querer que sua pequena fazenda seja um cenário de filme adulto.
Dar ao filme um lugar no gênero de terror é de uma grande generosidade, já que as risadas são mais garantidas que a adrenalina, a tensão e o medo em si. Poucos são os momentos que o filme entrega algo que te faça pular da cadeira ou ficar com o coração na boca, mas quando se encontra dentro do seu roteiro previsível, a tensão é bem executada.
Os alívios cômicos e sátiras geradas por falas, conotações sexuais exageradas e estereótipos aos filmes pornôs dos anos 70 são o que mantém a ligação entre os personagens e movimentam todo o filme, entregando um trabalho melhor que o próprio terror.
A maquiagem do filme, tanto para as cenas sanguinárias quanto para deixar os idosos mais velhos ainda é um destaque muito positivo, assim como a direção que se mantém ao estilo que a produtora A24 traz para seus filmes, com posicionamentos de câmeras e filmagens demoradas ou distantes, para causar desconforto a quem assiste.
Tanto a estética dos anos 70 quando a fotografia, também são de se dar os créditos nos poucos momentos que são relevantes, como no figurino e em alguns poucos cenários, porém se perdem pela fazenda em que a maioria do filme se passa, não transparecer o proposto.
A atuação de Mia Goth se eleva após descobrirmos que ela interpreta tanto a protagonista Maxine, que tem o sonho de ser famosa, quanto a antagonista idosa Pearl, que almeja corpos femininos atuais e a vida que tinha. Sobre Pearl, veremos mais sobre seu passado e suas motivações no epílogo que leva seu nome, com lançamento ainda em 2022, como a franquia ‘Rua do Medo’ da Netflix que, a princípio conta uma história central e em seguida foca no vilão e o enredo de construção psicológica de personagem. Todos os personagens têm uma importância para a história e para o que ela quer contar e o roteiro amarra bem todos os elementos que aparecem no filme.
Apesar de não satisfazer entregando terror puro que te prende por medo, a produtora ‘A24’ mais uma vez mostra mais de seu estilo próprio de contar histórias desse gênero e subgênero. Com referências claras a vários filmes de terror que marcaram época, como ‘O Iluminado’ (1980), X: A Marca da Morte diverte e consegue alguns momentos de tensão.