Pantera Negra: Wakanda Para Sempre | Crítica

Gabriel Caiafa
3 min readNov 13, 2022

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O legado do Pantera Negra é honrado com a homenagem certa à Chadwick Boseman

5/5 — Excelente

Gabriel Caiafa

Após o falecimento de Chadwick Boseman (Rei T’Challa), o foco de “Wakanda Para Sempre” deixou de ser os 5 anos do reino após o blip causado pelo estalo de Thanos, e passou a ser sobre os personagens em volta do Pantera Negra, o luto, tradições, vinganças e um novo mundo.

Rainha Ramonda (Angela Bassett), Shuri (Letitia Wright), M’Baku (Winston Duke), Okoye (Danai Gurira) e as Dora Milage lutam para proteger a nação fragilizada de outros países, após a morte de T’Challa. Enquanto o povo de Wakanda se esforça para continuar em frente neste novo capítulo, a família e amigos do falecido rei precisam se unir com a ajuda de Nakia (Lupita Nyong’o) e Everett Ross (Martin Freeman). Em meio a isso tudo, Wakanda ainda terá que aprender a conviver com a nação debaixo d’água, Talokan, e seu rei Namor/K’uk’ulkan (Tenoch Huerta).

Em aspectos técnicos, a fotografia, design de produção, figurinos, direção de arte e a trilha sonora, muito premiados no primeiro filme, voltam com esplendor e ajudam na imersão, sentimentalismo e beleza. Cenários reais e até mesmo os efeitos cgi (imagem gerada por computador), que estão sendo duramente criticados na fase 4 do MCU (Universo Cinematográfico da Marvel), compõem todas as cenas lindamente. Dois elementos roubam todas as cenas: o figurino e a trilha sonora, sendo peças fundamentais para contar as histórias e dar a representatividade de Wakanda e Talokan, apresentada lindamente com sua singularidade e distinção dos quadrinhos, dando uma origem nova a todo o núcleo de Namor, que faz sentido dentro do roteiro.

Em mais um filme sério, com poucos e pontuais alívios cômicos, Ryan Coogler compreende a responsabilidade que tem na direção e no roteiro, escrito com Joe Robert Cole, e desenvolve cada personagem antigo e novo da maneira certa para um filme que contém uma carga emocional gigante, além de abordar assuntos importantes, como diversidade, colonialismo, disputa armamentista e, consequentemente, de poder.

Três atuações se destacam fortemente entre um elenco de peso, onde todos são de alta categoria. Angela Bassett, disparadamente, entrega uma das melhoras atuações desses 14 anos de produções da Marvel, trazendo toda a dor de uma mãe que passou pela perda do marido, do filho e dos acontecimentos do filme em si; Letitia Wright surpreende trazendo um embate importante entre tradição, fé e ciência, construindo a jornada do herói e evoluindo a responsabilidade da personagem; Tenoch Huerta traz um vilão que segue seus princípios, pensa sempre no seu povo em primeiro lugar e, como foi com Killmonger (Michael B. Jordan), tem uma construção pondo em questão a palavra “vilão” empregada para o personagem, já que por uma visão do contexto do filme, o real inimigo é a ganância por poder dos países brancos.

Okoye possui mais tempo de tela e lutas emocionantes, porém no terceiro ato do filme acaba sumindo um pouco para dar espaço às resoluções mais importantes. M’Baku também some um pouco de vista, aparecendo em momentos mais necessários, até mesmo como um alívio cômico, que também é sustentado por Riri Williams (Dominique Thorne), a Coração de Ferro que terá uma série em 2023 na Disney+, e se provou uma boa adição ao MCU. Nakia, por outro lado, segue com a sua importância de espiã, mas carrega a maior herança que o filme deixa.

Poucas são as conexões com o universo da Marvel, já que o “selo Pantera Negra” foca em questões reais, porém personagens e referências são postos sutilmente, como a própria nação Talokan, que expande muito o futuro do MCU, e o fato de Namor ser mutante, assim como nos quadrinhos.

Dentre todas as mensagens, Wakanda Para Sempre mostra que, independentemente dos acontecimentos, a nação continuará seguindo, unida por suas diferenças e crenças. O manto de Pantera Negra viverá e a imagem e pessoa que foi Chadwick Boseman estará sempre marcado no legado dessa franquia tão importante, não somente para os fãs, mas para toda uma cultura, eternizando o ator.

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Gabriel Caiafa

Acredito que críticas podem ser acessíveis e não elitistas. Aqui, os meus textos tendem a ser com uma escrita descomplicada, porém técnica e sem spoilers!