Guardiões da Galáxia Vol. 3 | Crítica

Gabriel Caiafa
3 min readMay 10, 2023

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De uma forma extremamente sensível, James Gunn se despede da Marvel e de seus personagens deixando sua marca

5/5 — Excelente

Gabriel Caiafa

A trilogia dos Guardiões da Galáxia, dirigida e escrita por James Gunn, trouxe os heróis que nunca tiveram um protagonismo equivalente aos outros grupos nos quadrinhos, como Quarteto Fantástico, X-Men, Illuminati ou até os Inumanos, para o centro do carinho e apego dos fãs do MCU (Universo Cinematográfico da Marvel).

Nosso amado grupo de desajustados está se estabelecendo em LugaNenhum. Mas não demora muito até que suas vidas sejam reviradas pelo passado turbulento de Rocket (Bradley Cooper). Peter Quill (Chris Pratt), ainda se recuperando da perda de Gamora (Zoe Saldana), deve reunir sua equipe em uma missão perigosa para salvar a vida de Rocket — uma missão que, se não for concluída com sucesso, pode levar ao fim dos Guardiões como os conhecemos.

Toda a trilogia tem como protagonismo a história de Peter Quill. Enquanto o Volume 1 (2014/Marvel Stutios) fala sobre sua mãe e o Volume 2 (2017/Marvel Studios) sobre seu pai, o Volume 3 (2023/Marvel Studios) fala individualmente sobre cada membro de sua nova família, mas principalmente sobre o real protagonista da história dos Guardiões: Rocket Raccoon (Rocky Racum).

De fato, o Volume 3 entrega um “final” para o grupo que conhecemos, mas Gunn, entendendo e amando todos os seus personagens, entrega um encerramento adequado para a história de cada membro dos Guardiões e foca em seu favorito, o guaxinim que, desde 2014, vem contando brevemente sobre sua história que finalmente vemos quase 10 anos depois.

Tendo como vilão o Alto Evolucionário, interpretado magnificamente pelo Chukwudi Iwuji, que traz um vilão onde apenas sentimos ódio ao vê-lo na tela, suas motivações e princípios são apresentados por flashbacks da história de Rocky, que é triste, dolorosa, amarga e inocente, e seus projetos, que o fazem se sentir um deus e buscando a perfeição, sem medo de destruir suas criações para atingir tal objetivo — aliás, o filme conta com diversas referências religiosas, como o quadro “A Criação de Adão” e principalmente a história do dilúvio/arca de Noé.

Por mais que a história de Rocky roube o filme, Quill ainda tem seu grande foco e uma carga dramática forte, onde Chris Pratt entrega seu melhor trabalho de atuação até então, assim como Karen Gillan (Nebulosa) que evolui sua personagem por meio de sentimentos conquistados desde o primeiro filme, passando de uma vilã secundária para uma figura central do grupo, e Gamora, que não conhece o grupo e tem que se afeiçoar novamente pelos desconhecidos.

Drax (Dave Bautista) e Mantis (Pom Klementieff) são o ponto cômico assertivo do filme, assim como Nebulosa, mas que também trazem momentos sentimentais condizentes com suas histórias pessoais. Todo o humor é bem pontual e encaixado, mantendo a essência dos guardiões na comédia “boba”, mas, de longe, esse é o filme mais sério, dramático e emocionante da trilogia.

Novos personagens como Cosmo (Maria Bakalova) e Adam Warlock (Will Poulter) tem sua importância e aparecem nos momentos certos, demonstrando inocência, desenvolvimento e evolução, assim como Kraglin (Sean Gunn). Groot (Vin Diesel) está mais velho e seu visual traz uma originalidade que vem dos quadrinhos, assim como os uniformes dos Guardiões, muito mais fiéis às páginas das hq’s.

Mesmo sendo um filme de super-heróis, James Gunn consegue tratar em seu roteiro problemas como crueldade animal, complexo de Deus, problemas da sociedade a qual vivemos e até tráfico de crianças — o que o filme da Viúva Negra perdeu a oportunidade de abordar. Novamente a seleção das músicas, marca registrada da franquia, faz com que o telespectador se envolva cada vez mais na trama, juntamente com uma das melhores cenas de ação feitas até hoje na Marvel, a forma caricata e colorida presente em todos os filmes e até a simplicidade na qual um “Eu sou Groot” é compreendido.

Gunn fará falta ao MCU, assim como os Guardiões como conhecemos, já que o diretor comandará a DC Studios, rival direta da Marvel. Porém, a despedida foi honrando todo o trabalho que construiu e presenteando os fãs com uma história sensível, emocionante, envolvente, comovente e perfeita para quem acompanhou o grupo surgir e se desenvolver.

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Gabriel Caiafa

Acredito que críticas podem ser acessíveis e não elitistas. Aqui, os meus textos tendem a ser com uma escrita descomplicada, porém técnica e sem spoilers!