Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes | Crítica

Gabriel Caiafa
3 min readApr 14, 2023

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Recriando a sensação do jogo, a adaptação não tem medo de ser caricata e imersiva em seu universo

4/5 – Ótimo

Gabriel Caiafa

Baseado no jogo Dungeons & Dragons, um Role Playing Game (RPG) criado na década de 70, o filme consegue apresentar os elementos do jogo de tabuleiro para quem nunca jogou, trazendo a mitologia, os personagens e diversas referências para quem é aficionado pelo mundo de D&D, com uma história envolvente, porém levemente cansativa, com todas suas idas e vindas.

Em um mundo repleto de feiticeiros, dragões, orcs e outras criaturas fantásticas, sobreviver é sempre um grande desafio. O bardo Edgin (Chris Pine), embarca em uma missão para resgatar uma relíquia mágica, capaz de ressuscitar sua esposa e recuperar a confiança de sua filha Kira (Chloe Coleman). O homem se une a um improvável grupo de aventureiros e, juntos, eles se arriscam entre os lugares mais perigosos e misteriosos desse universo, dispostos a combater o mal e a derrotar as mais terríveis criaturas que surgem em seus caminhos. Entre os desafios, eles precisarão enfrentar, como uma chefona final, a feiticeira Sofina (Daisy Head).

Com pouco mais de duas horas de duração, o ritmo do filme tem seus altos e baixos. Muitos momentos de ação e aventura deixam o coração acelerado e prendem sua atenção, porém nas idas e vindas nas histórias dos diversos personagens, ou até em flashbacks, o tempo parece não passar. O que não torna o filme ruim, mas enquanto exploram muito personagens principais cuja história já está contada, deixam outros de lado para só serem aproveitados quando necessários por conta de suas habilidades, como é o caso de Doric (Sophia Lillis), cuja história não é contada, mas deveria por apresentar relações ambientais e até mesmo por conta de seus incríveis poderes.

Toda o misticismo e imersão no universo de RPG é representada lindamente através do figurino, trilha sonora e da direção de arte. Os personagens, ao mesmo tempo que humanizados, tem suas partes caricatas e funções estabelecidas na trama, assim como no jogo de tabuleiro. Até mesmo o formato que é contado e narrado, o filme lembra o estilo do RPG, assim como o vilão final, os demais obstáculos ao longo do caminho e ajudantes que aparecem em momentos de necessidade.

Trazendo várias lições de moral, o longa acerta onde distribuir esses momentos e quais personagens devem carregar essa jornada de aprendizado e evolução. Simon (Justice Smith) é mostrado como um feiticeiro que não domina a magia, mas tem um grande potencial e carisma, enquanto Edgin e Holga (Michelle Rodriguez) levam consigo a mensagem de crescimento e os significados de família. Porém D&D falha quando não explora mais Doric, que tinha uma grande história por trás, e Xenk Yendar (Regé-Jean Page), que cumpre seu papel e rouba totalmente a cena quando está presente.

Nem sempre usando só CGI (imagens geradas por computador) e trazendo muitos personagens com efeitos práticos e com maquiagens realistas, Dungeons & Dragons abriu uma porta para adaptações bem-feitas do universo de RPG’s, onde até o tão esperado filme live-action (com atores reais) de ‘Caverna do Dragão’ pode acontecer. Misturando drama, comédia, aventura e ação, o longa é um convite para o universo de RPG e um acerto para agradar os nerds mais raizes.

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Gabriel Caiafa

Acredito que críticas podem ser acessíveis e não elitistas. Aqui, os meus textos tendem a ser com uma escrita descomplicada, porém técnica e sem spoilers!