After: Para Sempre | Crítica

Gabriel Caiafa
3 min readSep 15, 2023

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Após cinco filmes, a franquia faz mais do mesmo e não evolui com seus personagens

2/5 — Regular

Gabriel Caiafa

“After: Para Sempre” merece o título de melhor filme da franquia só pelo fato de ser o que encerra as adaptações dos livros escritos por Anna Todd. Depois de cinco adaptações que pregam nada menos do que a romantização de um relacionamento abusivo, tóxico e repetitivo em suas brigas e intrigas, toda a franquia “After” nada mais é do que um aglomerado de estereótipos e péssimos exemplos para quem idealiza qualquer tipo de relacionamento.

Após romper com Tessa (Josephine Langford), seu verdadeiro amor, Hardin (Hero Fiennes Tiffin), autor de best-sellers, está sofrendo de bloqueio criativo. Hardin então decide viajar para Portugal na tentativa de reavaliar o seu comportamento tóxico do passado. Nesse processo, ele revisita figuras de seu passado, como Natalie (Mimi Keene), com o objetivo de conseguir perdão e reparar seus erros. Ao mesmo tempo, Hardin também está com o coração partido por não conseguir esquecer Tessa, que quer seguir em frente de uma vez por todas.

O quinto e último filme da franquia foca totalmente em Hardin, após ter decepcionado Tessa (que surpresa!) quando publicou seu livro “After”, sem consultá-la. Com a pressão de fazer um segundo livro e com as inúmeras tentativas frustradas de conversar com sua antiga namorada, Hardin descobre o paradeiro de uma antiga “amiga” e aproveita para viajar, para também se redimir e esvaziar a cabeça. Acontece que durante sua passagem por Lisboa, ele passa por algumas tentações onde mostra que não quer se envolver com nenhuma outra mulher, mesmo ele sonhando sexualmente com outras mulheres e Tessa falando diversas vezes para ele partir para outra.

Esse ciclo que Hardin vive é extremamente mal aprofundado na trama, onde seu vício por álcool e arrogância são um botão de liga e desliga e o interruptor é Tessa, além da questão psicológica que ocorre em todo filme e não recebe a atenção necessária para trazer mensagens boas com problemas reais. Fora a terapia que o personagem precisa e não busca, a questão de insistir e não respeitar a vontade de Tessa também é preocupante. Diversas vezes, ao longo de cansáveis 90 minutos de duração, Tessa fala para seu antigo namorado desistir e fazer o mesmo que ela: seguir em frente, porém o rapaz vive nesse ciclo de reconquistar e perder, vivendo nessa obsessão pela amada.

Em Portugal, Hardin encontra uma ex-amante, com uma história parecida com a de Tessa: ele foi tóxico, motivado por uma aposta. Só que dessa vez, ele realmente acabou com a vida de Natalie com a divulgação de um vídeo íntimo dos dois. Mas, com uma infelicidade do roteiro, ela vive na jornada de perdoar o crime cometido por Hardin, usando a tentativa de humanizar o bad boy falando que a culpa, na verdade, é de um antigo amigo de Hardin que compartilhou o vídeo (compartilhado inicialmente por Hardin). Mimi Keene (Sex Education) até entrega uma boa atuação, o que não é difícil já que o casal principal, em todos os filmes de After, transparecem uma limitação que não é corrigida pela direção.

Tessa quase não tem tempo de tela e quando aparece é para sua objetificação ou para encerrar o filme da forma mais apressada possível, como se não tivessem tido tempo de desenvolver o relacionamento dos dois para sair de algo destrutivo para algo saudável. O longa parece ser um grande filler (história só para preencher espaço) e deixa a “resolução” para os últimos minutos, literalmente. O encerramento da franquia é feito de uma forma que desrespeita tudo o que foi apresentado por Tessa ao longo deste quinto filme, só para um fã service de quem gosta do casal ou até mesmo para (re)fazer o ciclo repetitivo que os dois vivem.

Com apenas uma piada que faz valer a pena o roteiro, “After: Para Sempre” repete o que já foi apresentado anteriormente com o mesmo ciclo de “juntos, separados, regresso, progresso…” sem mostrar uma real evolução no relacionamento. Não sendo injusto, a jornada de Hardin mostra uma breve melhoria de sua personalidade, mas só quando é por Tessa, esquecida com seus plots e sonhos. Por ser uma influência para diversos adolescentes, toda a franquia perde a oportunidade de mostrar evoluções reais, relacionamentos saudáveis e um bom drama adolescente.

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Gabriel Caiafa

Acredito que críticas podem ser acessíveis e não elitistas. Aqui, os meus textos tendem a ser com uma escrita descomplicada, porém técnica e sem spoilers!